quarta-feira, 2 de julho de 2014

Sobre âncoras e trampolins


Como se concentrar nos estudos, aprofundar o pensamento, conhecer melhor alguém, ter consciência do próprio corpo, ditar o próprio ritmo - que não é ou não deveria ser o da pressa automática do mundo - , sem algo que nos tensione, desafie, verticalize ou simplesmente nos convide ao mergulho? Como ser adulto, despedir-se da casa dos pais e criar novas raízes, vínculos, discursos, sem ter qualquer referência, sem se lembrar da infância ou nada ter aprendido, colecionado, compartilhado enquanto antigas raízes nos mantinham em um lugar para onde, ocasional e disfarçadamente, queremos voltar?

Como saltar, enfrentar o medo, superar o tédio da comodidade programada e pular para o desconhecido sem pensar no que há nos bolsos, no penteado prestes a desmanchar ou se o relógio é à prova d'água? Como se lançar no abismo sem o necessário impulso, entusiasmo, oxigênio e vontade de um mergulho profundo?

Os trampolins nos levam às âncoras.
As âncoras norteiam. Suportam o peso da escalada para que avistemos - e saltemos - de novos trampolins.





2 comentários:

  1. "Metas emocionais" - isso faz algum sentido?
    Talvez;

    Eu gosto do que escreve, Geolja.

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  2. Obrigada! :)
    O sentido quem faz é quem sente!
    Beijos!

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