quinta-feira, 3 de julho de 2014

Violeta de Outono no meu inverno


Capa do disco homônimo, o primeiro deles, de 1987

As "minhas" bandas mais amadas eu não descobri na internet, mas nos sebos. Assim aconteceu com Yo La Tengo, Kula Shaker... e Violeta de Outono. Caminhei tanto pelo centro de Goiânia carregando esse disco aí da foto pra cima e pra baixo, dentro do meu discman. Passou comigo por tantos lugares, dentro e fora da alma. As canções melancólicas, repetitivas como mantras, me tiravam constantemente na realidade do sol quente, do calor dentro do ônibus, do horário da aula, dos trabalhos da faculdade. Porque são sombrias e densas, ao mesmo tempo com um frescor que devia vir do timbre (então) jovial das vozes, do minimalismo criativo de seus ritmos, do uso "oriental" das escalas menores e das cores frias.

Sempre tive um carinho gratuito por quem gostasse de Violeta de Outono. Porque era raro, pelo menos pra mim, em Goiânia, encontrar pessoas que a conhecessem. Da época da faculdade, uma das minhas bandas goianas preferidas chamava-se Orquídeas, claramente inspirados nela, no som e no nome. Orquídeas fez poucos shows; vazios, se bem me lembro, mas cheios de sorrisos meus.

E assim me sentirei hoje, no meu primeiro show da Violeta de Outono, que já têm 30 anos de banda, quase a minha idade. Certeza que vai estar lotado, que eu já gosto muito de todas as pessoas que vão estar lá e que eu mais uma vez vou ficar imóvel e comovida, dentro da minha bolha musical, lembrando de tantos momentos corriqueiros no centro de Goiânia e de que eu ainda tenho muitas experiências como esta pela frente. Meu inverno em São Paulo é florido e tem cor de Violeta.

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