Correspondências
Hoje eu enviaria cartas. À amiga saudosa que vou encontrar no final de semana. À vizinha gentil que mudou o corte de cabelo. Ao colega de sala com quem nunca troquei palavra. Ao senhorzinho cinéfilo que conheci numa festa pomposa. Àqueles que foram crianças antes e depois de mim. A quem não conheço e talvez nem exista.
Poderia também enviar flores. Secas, com a lembrança de um perfume distante. Em selos de antigas coleções, como uma mera ilustração do meu parco conhecimento de botânica.
Prefiro enviá-las úmidas, dentro da carta dobrada, para colorir e multiplicar as vidas pulsantes dentro dos envelopes.
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